NOME : ALDO LUBES
FILIAÇÃO: Giuseppe Lubes
Rosa Lamarca
DATA DE NASCIMENTO: 09/05/1939
NATURALIDADE: Turim/Itália
NACIONALIDADE: Dupla Nacionalidade – Italiana e Brasileira
ENDEREÇO:R. Mal. Deodoro, 51 conj. 810 – Centro
Cep: 80020-905 – Curitiba/PR
Fone: (41) 3224 – 1059 / (41) 9962 – 0187
E-mail: aldolubes@kodokan.com.br
- Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná – 1974
- Professor Concursado de Treinamento Físico-Militar na Escola De Oficiais Especialistas da Aeronáutica Brasileira – 1976 – 1981 (único candidato aprovado no concurso do Ministério da Aeronáutica).
- Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná – 1982 a 1995.
Início da Prática Desportiva: 1958.
Professor e fundador da Associação Kodokan – Força e Persistência – 1965 até o ano atual.
Faixa Preta de Judô 4o. Dan (1985) nº. de registro 1172 – Conf. Brasileira de Judô.
Faixa Preta de Karatê 8o. Dan (2004) nº. de registro 8001- Conf. Brasileira de Karatê.
MEMÓRIAS DO KARATÊ PARANAENSE
( virtudes e críticas) por Aldo Lubes
Atendendo ao pedido do presidente da C.B.K., professor Luiz Carlos Cardoso do Nascimento, farei um breve histórico pessoal do meu caminho no Caratê e seu desenvolvimento no Estado do Paraná. Isso se deve ao interesse daquela Confederação em juntar as lembranças de como se desenvolveu, em minha opinião, o Caratê paranaense e brasileiro.
Passaram-se muitos anos e muitas lembranças se apagaram. Algumas, na época, pareciam de muita importância, agora, vistas de longe, não tanto; mas, mesmo as pequenas coisas tiveram uma grande influência no decorrer dos anos.
Em minha opinião, o pior erro que aconteceu foi com a legislação esportiva chamada de Lei Pelé e, Lei Zico, isso fez que houvesse uma divisão no esporte, permitindo que oportunistas tivessem uma posição de destaque, mesmo não tendo qualidade e nem experiência, objetivando nada além do que alimentar a vaidade, o lucro e o poder pessoal.
Eu nasci no dia 09 de maio de 1939, na cidade de Turim Itália, no ano que iniciou a segunda guerra mundial. Meu pai chamava-se Giuseppe Lubes e minha mãe Rosa Lamarca, originários da região das Apulias (PUGLIE), no sul da Itália, precisamente da cidade de Corato.
Meu pai com 17 anos foi voluntario na 1ª guerra mundial e foi soldado condecorado. Não serviu na segunda guerra mundial devido ao fato de ter perdido um pulmão quando da primeira. Isso aconteceu por causa dos gases de mostarda usados na primeira guerra, mas o destino quis que perdesse a vida por causa da guerra. De fato que, morreu jovem, aos 40 anos em um bombardeio aéreo sobre a cidade de Turim em 1940, onde tinha emigrado com toda a família. Isto aconteceu quando eu tinha um ano de idade.
1954 – Itália/cidade de Turim
Vou narrar um episódio importante, pois me serviu para ter um autoconhecimento, principalmente para entender como a minha natureza age quando em situações de conflito.
Lembro-me de quando tinha 15 anos de idade e estava passeando de bicicleta, próximo a minha casa, e encontrei uns garotos do bairro, dois de bicicletas e um a pé. Um deles era conhecido por ser muito forte e ganhar todas as brigas na quais se metia; todos o temiam, inclusive eu, que nunca tinha me metido em uma briga. Este moço me convidou para dar um passeio com eles até um lugar chamado Plano da Missa, local que já conhecia e era realmente muito bonito. Concordei com o passeio e acertamos que cada um de nós carregaria na bicicleta o companheiro que estava a pé. O lugar era bastante longe, a cerca de trinta quilômetros da cidade. Fui o primeiro a carregar o garoto, enquanto que os demais garotos seguiam na frente, distanciando-se sempre mais. De longe, gritei que era hora de fazer a troca, mas não pararam; pelo contrário, foram mais rápidos. Assim, tive que carregar o amigo deles até o Plano da Missa. Quando cheguei estava bastante aborrecido e cansado, e mais ainda ao ver que eles estavam se refrescando perto de uma bica de água.
Perguntei o porquê de não terem parado para fazer a troca como tínhamos combinado. Responderam-me que não tinham me ouvido e deram risadas. Queria reclamar, mas me calei porque o cara mais forte me intimidava, além de que eles eram três e eu estava sozinho. Então, tomei um pouco de água da bica e me refresquei, subi na bicicleta e fui embora os deixando.
Pedalava com fúria por ter sido passado para trás pela minha boa fé em acreditar que eles cumpririam o que tínhamos tratado. Depois de um tempo, ouvi alguém gritar atrás de mim e percebi que o garoto forte vinha pedalando rápido para me alcançar. Continuei pedalando até mais rápido, mas não consegui me distanciar muito, até que ele me alcançou, parou a bicicleta na minha frente e me disse para carregar o amigo deles de retorno e, se não o fizesse iria apanhar. Respondi que não o faria porque eles tinham sido desonestos comigo. Naquele momento eu estava com muito medo, pois nunca tinha brigado na vida e não sabia o que fazer. Esperei que ele fizesse o primeiro movimento. Foi quando recebi um murro na cara, não doeu, mas me deixou com muita raiva e revidei nem sei como. Defendi-me com socos e chutes e nos agarramos, rolando no meio da grama do acostamento. De repente, eu estava sentado na barriga dele, socando-o, enquanto ele se defendia com as mãos abertas e as unhas, arranhando-me todo o rosto, mas eu não sentia nada. Continuei socando até ele gritar que desistia. Fiquei surpreso comigo mesmo, tinha batido e vencido o cara que todos tinham medo por causa da sua truculência. Levantei-me e disse para não me seguir, caso contrário, iria apanhar mais.
Quando cheguei a minha casa, o meu rosto estava todo arranhado; menti para a minha mãe dizendo que tinha caído da bicicleta e ralado o rosto no chão. Meu irmão e minha irmã que eram mais velhos não acreditaram, mas não disseram nada. Em seguida, minha irmã me medicou e depois de alguns dias o meu rosto ainda estava cheio de cicatrizes por causa dos arranhões.
Vale lembrar que meu irmão, quando o nosso pai morreu (1940), tinha 15 anos, minha irmã 10, e eu um ano. Não preciso dizer que o meu irmão se tornou o chefe da família. Minha mãe costurava uniformes para os soldados, ajudada pela minha irmã. Meu irmão era o que dava mais duro, tentando continuar com os negócios do nosso pai (sorveteria), mas não deu certo. Assim, ele foi trabalhar em uma fábrica de armamentos. Era um período muito difícil para todos, por causa da guerra.
Meu irmão me ensinou a nadar, andar de bicicleta, me ajudava nas lições da escola e a sempre manter um bom comportamento. Quando soube a verdade sobre a briga em que eu tinha me envolvido, me disse que eu tinha feito bem ao me fazer respeitar. E mais ainda, levou-me em um centro esportivo do município onde ele freqüentava para aprender um pouco de Judô, que era chamada de luta japonesa na época, e também para aprender boxe, que era o que ele praticava. Tenho muita saudade do meu irmão. Ele faleceu em 1997 e minha mãe em 1999. Minha irmã querida ainda vive e hoje tem 84 anos.
Em 1948 minha mãe casou novamente com um primo, também com três filhos. O casal ia bem, mas os filhos de ambos não se acertavam, e com isso, meu irmão agüentou alguns anos, mas depois saiu de casa e logo em seguida casou, e assim também fez minha irmã.
Meu padrasto tinha um filho que era meu primo em segundo grau, e que tinha emigrado para o Brasil. Um dia, me disse que o seu filho precisava de ajuda em um negócio que tinha aberto no Rio de Janeiro, um bar noturno em Copacabana, e se eu queria ir para ajudar e que retornaria depois de um ano. Eu já trabalhava desde os doze anos para ajudar em casa, estudava de noite, mas não me dava muito bem nos estudos. Fiz todo tipo de trabalho como: latoeiro, carpinteiro, funileiro, mecânico, padeiro, etc. Um dia, comecei a trabalhar em um bar, gostei porque já não andava mais sujo de graxa e me vestia um pouco melhor. No bar ganhava boas gorjetas, aumentando, com isso, meu mísero salário de menor, o qual dava todo para minha mãe, pois meu padrasto dizia que tinha que pagar pela roupa e comida. Assim, a proposta feita até que me agradou, além de que eu pagaria a minha passagem com o trabalho e poderia sair de casa. Meu irmão não queria, mas eu estava determinado, pois tinha ouvido falar do Rio de Janeiro como uma cidade exótica, na minha imaginação.
Era janeiro, pleno inverno, eu iria completar 19 anos em maio, além de que, voltaria em um ano. Minha mãe, meu irmão e minha irmã me acompanharam até Genova para o embarque. Quando o navio começou a se afastar do embarcadouro e vi a minha família lá embaixo chorando, o meu coração explodiu e caí em prantos; não tinha me dado conta de como era difícil a despedida. O mar estava bravo e chovia forte, o navio subia e descia por causa das ondas, um dos tripulantes tentou me confortar e pediu para que eu entrasse no navio, mas eu não queria que as pessoas percebessem o meu choro. No entanto, após muita insistência me recompus e entrei.
A viajem durou uns 15 dias, cheguei ao Rio no início de Fevereiro, em pleno verão. Tinha saído de Turim em pleno inverno, mas durante a viagem a temperatura tinha aumentado gradualmente, de modo que, ao desembarcar, não senti muito a diferença térmica, mas fazia muito calor. Assim mesmo, me arrumei com paletó e gravata como minha mãe sempre fazia questão de dizer; que em qualquer lugar que eu fosse devia me apresentar bem. Ao desembarcar, não encontrei o filho do meu padrasto.
Fiquei esperando com a minha mala algum tempo até que chegou um representante do consulado italiano, perguntando-me o que fazia ali, expliquei que tinha vindo para ajudar ao filho do meu padrasto no seu trabalho. Foram muito gentis e me levaram para o consulado. O Cônsul me atendeu, perguntando se não queria ficar com eles, uma vez que precisavam de um jovem para trabalhar no consulado. Agradeci e disse que vim com a promessa de ajudar o filho do meu padrasto no seu trabalho e, que voltaria para a Itália depois de um ano. Como tinha o endereço onde ele morava em Copacabana (Rua Duvivier), o Cônsul olhou o papel e disse que conhecia o local, pediu para chamar um táxi, orientou o motorista e me desejou boa sorte.
Ao chegar, o filho do meu padrasto não estava, disseram-me que tinha ido ao porto para me buscar. Tínhamos nos desencontrado. Assim, tudo começou com o pé esquerdo. Durante o pouco tempo que estivemos juntos, não consegui satisfazê-lo no trabalho e depois de dois meses, expliquei-lhe que não me sentia bem morando com ele e sua namorada. Foi quando pedi para sair, pois tinha encontrado uma pequena pensão, que descontando o que ele tirava da passagem, ainda sobrava um dinheiro para eu poder me sustentar. Além de que, era próxima de um bar que se chamava Cangaceiro, que era dele e de um outro italiano seu sócio, em que eu também trabalhava. Respondeu-me que se eu saísse da casa dele também deveria sair do bar, além disso, era graças a ele que eu estava sobrevivendo, me senti humilhado.
Pronto! Saí e fui procurar morada e trabalho. Aluguei o quartinho de empregada de uma família que assim o fazia para estudantes. A largura do meu quarto era a extensão dos meus braços (a minha altura era 1,68), entrava no quarto e esgueirava-me entre a parede a cama para poder deitar, as malas ficavam embaixo da cama que era o meu guarda-roupa. Naquela época, encontrar trabalho foi um pouco mais difícil e o dinheiro para me alimentar estava acabando. Lembro que a minha alimentação era café com leite e pão com manteiga, de manhã, de tarde e de noite e, alguns ovos cozidos.
Um dia, com um pouco de sorte, encontrei trabalho em um bar/churrascaria noturno no Largo São Conrado, pois lá precisavam de um ajudante de garçom. O bar ficava atrás do morro do Cristo Redentor, e eu ia de ônibus e voltava de kombi de madrugada, junto com os outros funcionários. Escrevi para minha mãe contando o que tinha acontecido, e meu irmão quis me mandar um dinheiro para voltar, mas eu não quis. Disse-lhe que estava me virando e não estava tão mal, o único problema é que não sabia me comunicar direito, pois não falava o português, mas conseguia me fazer entender. Próximo de onde morava, na Nossa Senhora de Copacabana mais ou menos no posto 4, encontrei uma academia, chamada Academia Japonesa de Judô, cujo mestre era Sunji Hinata, famoso na época por ter sido campeão Pan-Americano em Porto Rico. O sensei Hinata era do meu tamanho, mas tinha uma habilidade técnica muito grande, a qual tinha aprendido com o pai e o avô, em sua cidade natal, Piedade, no interior de São Paulo. Naquela época não havia divisões de peso e o Judô era praticado de forma pura, sem nenhum artifício suplementar para se tornar mais forte. Era necessário ser muito técnico e oportunista no momento da luta, isso era o que o sensei Hinata sugeria.
Um dia, na Rua Nossa Senhora de Copacabana, encontrei o filho do meu padrasto. Ele tinha 30 anos e eu 19. Ele perguntou-me como estava, disse-lhe que bem e também onde estava trabalhando, que logo conseguiria pagar a passagem que ele tinha coberto. Ele me respondeu que eu estava tranqüilo porque no fundo, se acontecesse algo comigo era ele que deveria resolver, pois pela Lei brasileira ele era o responsável pela minha vinda ao Brasil. Fui falar com o dono do Bar onde trabalhava, o qual nunca soube o nome. Apenas que era chamado por todos de Coronel e eu pensava que era militar. Mas não, ele era proprietário de várias fazendas no Nordeste. Ele era viajado e falava italiano. Falei-lhe que ficaria mais um pouco trabalhando para ele, e depois que juntasse um dinheiro iria para São Paulo, pois não podia continuar no Rio depois da conversa com o meu primo. O Coronel foi muito legal e me segurou no emprego o tempo suficiente para que eu me sentisse seguro para ir embora. Na seqüência, escrevi e expliquei a minha mãe a situação.
Em 1958, depois de 06 meses que estava no Brasil, me encontrava em São Paulo. Aluguei um quarto numa pensão que dava comida e alojamento, paguei um mês adiantado e fui à luta. Lembro que estava sendo realizada a copa do mundo de futebol na Suécia. Naturalmente, torcia pela Itália, mas o Brasil foi campeão com mérito contra a Suécia, surgindo nessa época um grande jogador de nome Pelé, que devia ter a minha idade na época. Encontrei trabalho em um renomado Hotel/Restaurante italiano de nome CAD’ORO. Estava bem e morando com um companheiro do Hotel em uma pensão, e matriculei-me em uma academia de Judô chamada Tambuci, próxima do Largo São Bento. O treinamento era bom e eu estava satisfeito.
Passado um ano mais ou menos, eis que aparecem no restaurante o meu primo com a sua namorada para almoçar. Disse-me que tinha escrito para o pai dele pedindo para a minha mãe me convencer a voltar a trabalhar com ele, já que este era o motivo para a minha vinda ao Brasil. Além disso, ele e o sócio tinham comprado na cidade de Curitiba um restaurante chamado Fontana de Trevi. O sócio dele estava em Curitiba e ele precisava de mim no Rio. Deixei-me convencer por causa do pedido da minha mãe. Enquanto isso, eu já tinha casado e tinha um filho. Fizemos as trouxas e retornei para o Rio. Nesta época, eu já tinha pagado a minha dívida da passagem com ele.
De volta ao Rio, voltei a treinar judô com sensei Hinata e, depois de um ano pediram-me para ir para Curitiba, gerenciar o restaurante de Curitiba. Em Curitiba, um dos clientes do restaurante que era praticante de judô me indicou o Dojô onde ele praticava chamado de Academia Kodokan. Nesta academia conheci o Mestre Minoru Kamada, recém chegado do Japão, ambos tínhamos dificuldade com a língua portuguesa. Eu, recém chegado da Itália, falava um pouco de português, mas ele quase nada. O mestre Kamada era 7º. Dan de judô, graduado pelo famoso Instituto Kodokan de Tokyo. Conhecia um pouco de Caratê e Aikidô e visto o meu entusiasmo e as dificuldades que eu tinha como estrangeiro, que ele também era, adotou-me como discípulo. Os meus horários de treinamento eram de tarde, pois trabalhava no restaurante no almoço e na janta e nos intervalos ia treinar.
O Sen-sei, além das técnicas de judô me ensinou todo o comportamento educativo inerente a esta arte, como os dois lemas que acompanham o Judô, que são Jita Kyo Ei – amizade e prosperidade mútua, e Chicara no Un-yo – bom uso da força (entender como técnica).
O Kamada sensei não era o dono da academia. De fato, o dono encerrou as atividades e o colocou em um colégio para dar aulas. Nisso, o Sensei ficou amargurado porque tinha sido convidado e contratado sob a indicação de um grande mestre que morava em São Paulo de nome Kihara, também do Kodokan de Tokyo. Quando conheci o sensei Kamada ele devia ter mais ou menos 40 anos e eu 21. Ele era médico ortopedista oriental e tinha sido oficial do exército japonês, além de ter lutado na Manchúria na segunda guerra mundial. Tentou fazer as provas de habilitação em medicina no Brasil, mas o problema do idioma era muito grande, não conseguindo aprovação. Em 1963 me graduei 1º. Dan de judô com ele, superando as provas de luta, como era o hábito do Kodokan.
Nessa época, o sensei começou a pensar em retornar ao Japão, e assim, para juntar uma grana, começamos a dar aula de defesa pessoal para conseguir dinheiro suficiente para a viagem. Da minha parte, convencia os clientes do restaurante a aprender defesa pessoal. E, me tornei seu assistente, carregando o seu kimono, sendo cobaia em aulas particulares para os clientes do restaurante que pagavam “salgado” para aprender os segredos da arte de defesa pessoal do Judô (Goshin-jutsu no kata). Eu marcava os horários e fazia o contrato; os valores que eu recebia, passava para o Sensei. Naturalmente que os clientes ficavam satisfeitos porque eu, o cobaia, fazia o possível para que tudo desse certo nas técnicas que aplicavam em mim. Após alguns meses, o Sensei tinha juntado o dinheiro suficiente para o retorno.
Em 1964, realizar-se-iam as olimpíadas de Tokyo e o judô iria se apresentar como esporte olímpico e, o Sem-sei queria estar lá para assistir. No último dia de aula de judô reuniu todos os alunos e após a aula pediu que todos aguardassem em seiza ( ajoelhado), foi trocar de roupa atrás de uma cortina que servia como vestuário e quando retornou veio com o Judogui pessoal dele dobrado. Na hierarquia do Dojô eu era o quinto, já que havia terceiros e segundos Dan mais antigos. Ele me chamou, levantei-me e me aproximei. Disse-me: “Este kimono é teu Arudo-san, faça bom uso dele (no idioma japonês não existe a letra L, sendo substituída pela R, então o meu nome para o Sensei era Arudo). Isso me deixou surpreso porque havia alunos mais antigos, todos de origem japonesa e melhores do que eu, mas ao mesmo tempo fiquei envaidecido por ter sido escolhido para usar o kimono dele.
O Sensei partiu, e nós o acompanhamos até a rodoviária, onde ele iria pegar o ônibus para ir até Santos e embarcar no navio que o levaria até o Japão. A despedida foi alegre e triste ao mesmo tempo. O Sensei estava feliz de poder retornar ao seu país; mas também triste em deixar os alunos com que tinha feito amizade. Eu o entendia porque estava longe da minha família já há alguns anos. Abraçou-me como um filho, talvez porque em uma ocasião eu tenha dito para ele que eu não tinha conhecido meu pai, pois quando faleceu, em um bombardeio aéreo sobre a cidade de Turim, como já disse, eu tinha um ano de idade. E que se tivesse conhecido meu pai, gostaria que fosse como ele.
Depois de algum tempo, pensei que o sensei tinha deixado o kimono para mim com alguma razão maior. Assim, procurei os meus Senpai (veteranos) de judô, tentando convencê-los a abrir uma academia de Judô para dar continuidade aos ensinamentos do Kamada Sensei. Os dois chamavam-se, Macoto Yamanouci e Kenjiro Hironaka; por serem mais graduados, eu achava que eles tinham que ser professores da academia. O Macoto aceitou e se envolveu financeiramente, o Kenjiro somente com a parte técnica, pois não queria investir dinheiro em algo que ele achava que não daria certo. Assim, tirei o kimono do Kamada sensei do armário e o usei por mais de 10 anos nos treinos e nas competições da qual fiz parte até ele se tornar um trapo de tão rasgado que ficou. Eu o remendava sempre até que não deu mais para usá-lo e, hoje deve ter mais de 60 anos e encontra-se na academia em um quadro com vidro que dois alunos meus mandaram fazer para preservá-lo. Estes dois alunos são praticantes de caratê, modalidade na qual eu iniciei mais tarde, mas para mim, arte marcial não é uma modalidade que tem uma única forma de lutar ou se defender, mas um conjunto de técnicas em que todas são eficientes. O que importa é o comportamento moral do praticante. Nunca se deve fazer uso destas técnicas para agredir e se o fizer deve sempre ser por uma boa causa e que seja justa, isto foi o que o Sensei Minoru Kamada me ensinou
Quanto aos dois alunos que citei acima, foram competidores muito bons e quero registrar e agradecer pelo gesto carinhoso de recuperar e salvaguardar o kimono do meu Mestre, seus nomes são: Milton Vernalha Filho e Naoto Yamasaki, (o Naoto filho de um antigo colega de judô). Hoje esses meus dois alunos são advogados muito conceituados no estado do Paraná e estão também atuando dentro da Federação Paranaense de Karatê, no Departamento Jurídico.
O relacionamento com o meu parente, infelizmente, andava de mal a pior. Eles venderam o restaurante em Curitiba e eu não quis voltar para o Rio, permanecendo em Curitiba já que tinha mais um filho e queria me dedicar ao Dojô que iria inaugurar para dar continuidade aos ensinamentos recebidos pelo Kamada sensei.
JULHO DE 1965 – Abertura do Dojô KODOKAN em homenagem ao meu Mestre de Judô Minoru Kamada
Era Setembro de 1965, um amigo de judô me apresentou um moço de nome Celso Charuri, estudante de medicina que vinha de São Paulo para estudar na U.F.PR. O Celso tinha sido aluno do Mestre Harada, o qual tinha sido aluno do Mestre Funakoshi, graduando-se com este Mestre como 1º. Kyu faixa marrom.
O mestre Harada trabalhava no Banco Sulamérica e, depois de uns tempos no Brasil foi transferido para uma agência da Inglaterra, interrompendo os treinamentos aqui no Brasil, precisamente na cidade de São Paulo
Convidei o Celso para ministrar aulas de Karatê no Dojô Kodokan, tornando-me assim seu aluno. No entanto, Celso retornou a São Paulo em 1968 quando da conclusão do curso de medicina. Gostaria de citar que o Dr. Celso Charuri, depois que voltou para São Paulo, fundou um movimento filosófico chamado de Pro-Vida, tendo hoje muitos seguidores.
Eu ministrava aulas de Judô, já que agora era faixa preta 2º. Dan. O meu senpai Macoto, tinha ido ao Japão fazer um mestrado e fiquei sozinho na gestão do Dojô. Nessa época, ministrava aulas de caratê, mas usando a faixa branca, pois não era graduado no caratê, e só ensinava o pouco que tinha aprendido com o Celso para quem quisesse conhecer essa arte, que na época era uma modalidade pouco conhecida e vinha envolta de mistérios.
Um dia, um moço japonês veio treinar judô na academia. Era faixa preta 1º. dan de judô e também de caratê e se ofereceu em dar aulas de caratê. O nome deste moço era Hiroshi Taura e o estilo que ele praticava era Wadoryu. Concordei, e os alunos que praticavam comigo, os passei para ele no horário noturno. Durante os treinamentos não me adaptei ao estilo do Taura, já que o estilo Shotokan, em que tinha sido iniciado pelo Celso, completava mais o meu íntimo e a minha índole, e isso também aconteceu com alguns alunos que continuaram comigo. Os alunos que deixei com o Taura em breve se tornaram faixa preta depois de terem se convertido à religião do Taura (Nichirin). Nesta mesma época, foi-me oferecido o 3º. dan se eu fizesse o mesmo, mas quando participei de uma reunião, recusei o convite e continuei com a minha faixa branca.
Um dia fui a Londrina para conhecer um japonês que era faixa preta do estilo Shotokan, o nome era Norio Haritani. Fui ao lugar onde se efetuava o treinamento que era uma cancha de bocha de terra batida. O Norio não estava e conheci um outro japonês de nome Nayuki Hirakawa, mas que não era do estilo Shotokan. Ele me apresentou alguns katas do estilo dele. Hirakawa era de compleição miúda e os katas apresentados eram muito bonitos e rápidos da linha Shorin. Atualmente, o Hirakawa tem um Dojô no Rio de Janeiro e é um professor muito conceituado. Soube que passou a praticar o estilo Shotokan. Depois da apresentação, o Hirakawa me disse que o Norio estava chegando. De fato, depois de pouco tempo, o Norio apareceu vindo de bicicleta, e eu me apresentei dizendo que era aluno de um aluno do Mestre Harada. Ele ficou surpreso, pois o Harada tinha sido aluno do Mestre Funakoshi e ele o conhecia de fama. Então, treinamos uma duas horas e ele teve a paciência de me corrigir. Fiquei admirado com a técnica e a potência dos golpes do Norio e prometi que voltaria a treinar com ele, mas infelizmente isto não aconteceu. Aquele foi o único treino que fiz com ele.
Em 1969, um companheiro de judô me disse que ele tinha um primo em São Paulo que treinava caratê Shotokan com um renomado mestre de nome Sagara. Este seu primo estava desempregado e talvez pudesse vir a Curitiba para dar aulas de Caratê, e por ser seu primo ele o acolheria na casa dele, desde que eu lhe desse um horário para trabalhar. Concordei, mas primeiro queria conhecê-lo e verificar a técnica dele. O nome deste rapaz era Julio Tatsuo Harai. O meu amigo se chamava Toshio Minamizaki, excelente judoka, e coloco o nome, pois ele pode confirmar o que relatarei.
Dessa forma, o Harai veio a Curitiba; fizemos um treino e percebi que ele tinha uma boa qualidade técnica e conhecimento dos katas de caratê, mas por ser eu praticante de judô, o que mais me interessava era a luta. No judô tem katas e são chamados de Randori no kata (Nague no kata e Katame no kata), modelos de técnicas usados na luta. No jiu kumite eu achava que poucos modelos de kata de caratê poderiam ser usados no caratê esportivo. Talvez, somente em uma defesa pessoal definitiva, mas não no esporte. Assim, pedi ao Julio para fazermos um jiu kumite com controle, o que ele aceitou, e percebi que não era muito bom na luta, lento, previsível e preocupado, mas tinha um bom conhecimento dos katas que tinha aprendido com o mestre Sagara. E, para a minha evolução no caratê era o suficiente, pois achava os katas de caratê muito bonitos e plásticos.
Disse-lhe que daria os meus horários e os alunos que eu orientava, em um horário diurno, pois a noite o Taura ministrava aula de Wadoryu. Ele aceitou e me disse que era faixa marrom, mas pediria ao Mestre Sagara para graduá-lo como faixa preta para ajudá-lo. Fiquei surpreso porque no judô, eu tinha que fazer randori contínuos para me graduar com eficiência e ter um número pré-estabelecido de vitórias para conseguir uma graduação.
Nesse mesmo ano, 1969, aconteceu em Curitiba uma competição de judô da seleção das forças armadas, versus a seleção de judocas civis do Paraná; da qual eu fiz parte, tanto em equipe como na categoria individual. Na abertura do torneio a convite das Forças armadas teve uma apresentação de Karatê liderada pelo Mestre Sagara e mais, Sassaki, Machida e Ricardo Carvalho, que era o aluno mais jovem e promissor do Mestre Sagara.
Depois do Torneio, o Julio Harai convidou o Mestre Sagara que era o seu professor e os integrantes da equipe que fizeram a demonstração no evento para irem até o nosso dojô, com o intuito de fazer um exame de faixa. Eu também me apresentei, mesmo com o ombro luxado, fato acontecido no torneio de judô e apresentei os katas de base e kihon kumite. Fui aprovado pela banca para usar a faixa marrom. Desde os meus primeiros treinos com o Celso Charuri, tinham se passados quatro anos e da faixa branca eu passei para faixa marrom direto.
Enquanto o tempo passava, muitos praticantes de caratê surgiam como faixas pretas de vários estilos. Inclusive, houve um moço que tinha sido meu aluno de judô e eu não via há algum tempo. Visitou-me no meu dojô e me disse que tinha estado alguns meses em São Paulo e tinha conseguido se graduar faixa preta do estilo Gojuryu com o Mestre Ryuzo Watanabe, que eu não sabia quem era. O nome deste moço era Julio Tommasi que como praticante de judô era sofrível chegando a duras penas ao 5º. Kyu. Eu pensava como era possível chegar em tão pouco tempo a ser graduado com a faixa preta, pois a arte do caratê, além dos valores técnicos, é fundamentada nos valores morais. Valores que o Mestre Minoru Kamada, meu professor de JU-DÔ, tinha me ensinado, dizendo sempre que o DÔ, tinha o mesmo significado do TAO chinês, ou seja, o “ Caminho das virtudes”, de fato o kanjin ( ideograma) é o mesmo.
Acredito que, não tendo uma entidade dirigente própria, o caratê foi explorado pelos vários estilos existentes na época no Brasil e por pseudoprofessores que, visto a curiosidade e o misticismo que acompanhava o caratê, diziam-se representantes de organizações de diferentes estilos do Japão. Estes pseudoprofessores andavam distribuindo faixas pretas indiscriminadamente, pois quanto mais faixas pretas um estilo tinha, mais valor lhe era dado na comunidade local e no Japão. Os jovens, no fundo, não sabiam como era o procedimento da conquista de um grau, pois não havia competições de caratê na época e não precisavam ser colocados a prova.
É evidente que, em campo fértil até erva daninha desenvolve mais rápido e muito mais do que a grama boa. Um provérbio diz que em terra de cego, quem tem um olho é rei, e isto aconteceu no Paraná e no Brasil. Infelizmente, isto ainda acontece até hoje, pois quem recebe uma graduação desta forma fica com uma dívida afetiva difícil de ser retribuída, a não ser com uma fidelidade ao estilo e à pessoa que lhe concedeu esta graduação.
Em 1970, fui a São Paulo para assistir a um campeonato paulista de caratê, creio que o segundo. Lá havia um grupo de professores japoneses do estilo Shotokan que tentavam implantar o caratê como esporte, alinhado com a Confederação Brasileira de Pugilismo, que por ser a entidade mais antiga de lutas, era a responsável por estas modalidades, (o mesmo Judô era subordinado a ela, mas melhor organizado, já que era olímpico). O responsável do Departamento de Karatê da C.B.P. era o Prof. Yasutaka Tanaka que morava no Rio de Janeiro, sede da entidade nacional.
Um dos meus examinadores de quando fui promovido a faixa marrom me perguntou por que não participava do campeonato, e respondi-lhe que nunca tinha participado de um campeonato de caratê e queria assistir para ver como era. Ele disse que talvez eu não participasse porque tinha medo.
Ele tinha o kimono de um atleta que não compareceu e estava à disposição para quem estivesse com coragem para lutar (o moço que falou tudo isso era o Sassaki). Dessa forma, participei do evento e lembro que os árbitros das minhas lutas foram: Sagara, Tanaka, Uriu, Machida, Higashino, Denilson Caribe, Sasaky e outros que não lembro, todos do estilo Shotokan.
Neste campeonato reencontrei o Norio Haritani, que naquela ocasião era o técnico da equipe de Piracicaba (S.P), que ficou surpreso em me ver participar de um campeonato paulista, sabendo que eu era do Paraná, e nem naturalizado brasileiro era, na época. Mas, naqueles tempos não havia controle e no fundo, eram os primórdios do karatê no Brasil. O campeonato foi realizado no Ginásio da Água Branca, bairro paulista, e mesmo com muitas falhas quanto ao controle dos golpes, que no fundo nem os árbitros entendiam como devia ser, eu consegui conquistar o 2º. lugar em kata e 2º. em kumite. Levei algumas pancadas descontroladas dos meus adversários daquele dia, mas também distribui muitas pancadas sem controle. Fiquei surpreso do meu resultado. No fundo fui para assistir e ver como era, e depois, talvez me tornar um competidor de caratê.
Naquele dia consegui ganhar do jovem aluno promissor do Sagara sensei, Ricardo Carvalho, o que não foi difícil, mas não sei porque todos acharam surpreendente. Então, tornei-me aluno do Mestre Sagara e viajava para São Paulo frequentemente para treinar no Dojô do Sagara sensei. Viajava de ônibus de noite, amanhecendo em São Paulo para o primeiro treino às 07 horas da manhã e treinava o dia inteiro. O Sagara sensei me cedia um quartinho para descansar e assim continuar treinando até às 22:00 horas quando se encerravam os treinos. Ao término, corria até a rodoviária para pegar o último ônibus e retornar para Curitiba. Levava comigo sempre dois kimonos que os colegas de treino me ajudavam a torcer, encharcados que estavam de tanto suor. Esta rotina durou cerca de 15 anos e foi neste período que conheci o Taketo Okuda, recém chegado do Japão. Sagara sensei lhe deu o horário da manhã para ministrar aulas, portanto, quando chegava de Curitiba era com ele que eu treinava. O Okuda era um bom professor e valeram as instruções que recebi.
Participei de outro campeonato Paulista em 1971, também não fui muito mal, pois fiquei em 2º no kata e 3º no kumite. Neste campeonato, o Okuda também participou como árbitro e até hoje tenho algumas dúvidas com referência ao resultado. Eu percebia que havia uma preferência para se marcar pontos para os atletas locais, e não para quem, como eu não era paulista, mas sim do Paraná. Mas, isso nunca me incomodou, no fundo eu queria era aprender caratê. Os grandes centros do caratê naquela época eram São Paulo e Rio de Janeiro e como disse antes, em terra de cego, quem tem um olho é rei.
Sempre achei difícil desenvolver um relacionamento de amizade com os praticantes de caratê, mesmo do estilo que eu praticava; parecia que cada um achava que tinha sido ungido por alguma entidade divina e o dom do conhecimento era limitado a eles. Entendia o motivo deste comportamento, por ser estrangeiro eu não tinha influências de regionalismo, ou seja, ser paulista ou carioca ou nordestino ou gaúcho, ou de qualquer outra região do Brasil, para mim era tudo a mesma coisa. Tinha percebido que os grandes centros do Brasil eram São Paulo e Rio, e isso influenciava o comportamento dos habitantes destas regiões em relação daqueles que não moravam nestas cidades. Ao terminar o campeonato, o Okuda, sabendo que eu iria viajar para a Itália, chamou-me e pediu-me se podia entregar uma carta para um Senpai dele chamado Hiroshi Shirai. Ele morava em Milão que é perto de Turim, e respondi que a entregaria com prazer.
Eu tinha que ir para a Itália, a pedido dos meus irmãos, para aliviar o sofrimento da minha mãe que tinha ficado viúva do segundo marido, aquele que tinha sido o pivô da minha saída da Itália. Cheguei ao Brasil com 19 anos, desembarcando no Rio e estava ausente da Itália havia 14 anos. A saudade era grande e o retorno foi muito bom, fiquei morando dois meses com minha mãe até ela se recuperar. Enquanto isso treinava em várias academias da minha cidade (Turim). Fui visitar o Hiroshi Shirai em Milão com a carta do Okuda.
Shirai foi muito gentil e perguntou se queria treinar, e respondi que não tinha kimono. Mesmo assim, foi buscar um kimono que me emprestou para treinar e fiquei dois dias treinando com ele e com os seus alunos. Convidou-me para ir até uma nova academia que ele estava inaugurando. Conversamos sobre o Brasil. Ele tinha casado com uma italiana e falava o italiano muito bem, e disse-me que não conhecia nenhum dos professores japoneses do Brasil, que apenas conhecia o pai do Okuda que era um renomado mestre de Kendo no Japão.
Sobre o meu caratê, disse que as instruções que eu tinha tido com o Celso Charuri, aluno do Harada, e com o meu Mestre de Judô Kamada Sensei, eram as mais valiosas e que devia cultivá-las. Despedimo-nos e disse-me que escreveria ao Okuda.
Os dois meses que passei na Itália junto com a minha mãe foram muito úteis para me esclarecer sobre o caratê mundial. Fui informado da existência de uma organização que tentava reunir os estilos em uma única entidade chamada WUKO e que nos campeonatos os atletas tinham que usar pequenas luvas brancas para proteger os “nós” (articulações metatarso-falangeanas) das mãos, e eram divididos em três categorias de peso. Enfim, tive muitas informações que foram muito úteis para mim e inúteis para o geral, pois no Brasil quem mandava era o regulamento da IAKF. No meu retorno, tentei implantar este meu conhecimento, mas a oposição era muito grande e não deu certo. Quero registrar que retornei ä Itália mais cinco vezes.
Viajava a São Paulo frequentemente e ficava hospedado na casa do Mestre Sagara para treinar, lembrando que ele sempre foi muito atencioso comigo. O caratê era ainda subordinado a C.B.P. Com isso, o Mestre Sagara pediu-me para afiliar o meu Dojô a Federação Paranaense de Pugilismo para que no futuro pudesse fundar uma Federação de Karatê estadual e em seguida ajudar a fundar uma Confederação Brasileira de Karatê.
Seguindo o pedido do Sagara sensei, fundei a associação Kodokan- Força e Persistência, a primeira Associação de caratê a se filiar a uma entidade devidamente reconhecida, a Federação Paranaense de Pugilismo. O presidente desta entidade, Nereu Silva, pediu-me para presidir o Departamento de Caratê e em 02 de setembro de 1972, realizamos o 1º. Campeonato Paranaense de Karatê, em Curitiba. Neste evento, participou a nossa associação, a Associação Londrinense, liderada pelo professor Norio Haritani – que tinha retornado a Londrina -, e a Associação Maringaense, liderada pelo Professor Aldenor Castro. Estas foram as primeiras Associações a participar neste 1º. Campeonato, sendo que a minha associação cobriu todos os gastos necessários para a realização do evento. Para arbitrar vieram de “Fusca” do Rio de Janeiro o Professor Tanaka e o Professor Uriu, sendo suas despesas depois ressarcidas.
Vieram arbitrar também, além do Professor Tanaka e do Professor Uriu, o prof. Sagara, o prof. Higashino e outros que não lembro os nomes, mais o Professor Norio. Naquela época para poder arbitrar tinha que ser japonês. Esta idéia perdurou por muitos anos no Brasil.
O professor Tanaka, já que era diretor da CBP, dividiu os participantes em dois grupos: maiores de 18 anos e menores. Participei na categoria de maiores já que estava com 33 anos, cursando Educação Física, tendo me submetido ao vestibular na U.F.PR., logo que voltei da Itália.
Neste primeiro campeonato de caratê, o número de participantes foi muito grande e eu não sabia de onde tinham surgido tantos praticantes de caratê. Depois, soube que não havia controle e muitos faziam outro tipo de artes marciais, e, visto que o campeonato era aberto e a taxa de inscrição iria para a Federação Paranaense de Pugilismo, o presidente aceitava qualquer um que quisesse participar. Havia atletas que treinavam um pouco de capoeira, taekwondo, boxe, luta livre, e sei lá qual tipo de luta mais; havia os de Londrina, Maringá e Curitiba que realmente treinavam caratê, mas na verdade tudo era muita garra e pouca técnica, a maioria não sabia direito como era o regulamento esportivo. Eu, por ter participado dos campeonatos paulistas, levei alguma vantagem no conhecimento arbitral, mas tinha percebido que o que satisfazia os árbitros japoneses era a pancadaria, e eu estava pronto em dar e levar.
O professor Tanaka deu alguma explicação sobre o controle dos golpes, que seriam válidos se aplicados dentro do fundamento do kihon, mantendo uma distancia de três centímetros do alvo (sundome), sem tocar no oponente. Mas a maioria não tinha treinamento para o controle e as pancadas corriam soltas.
Alguns dias antes do campeonato, visitei algumas academia de caratê que tinham surgido em Curitiba para convidá-los a participar, pois o caratê no bem ou no mal, desenvolvia-se. Os estilos praticados nestas academias eram Wadoryu e Gojuryu, mas os professores eram contrários em participar porque o regulamento era IAKF, que era o regulamento usado pelo estilo shotokan, e eles sendo de outro estilo, não concordavam.
Fui visitar o Julio Tommasi que tinha aberto uma academia de caratê goju-ryu, convidando-o também a participar do 1° campeonato paranaense de caratê. Ele me respondeu que o caratê que ele tinha aprendido era para matar e não para fazer esporte. Fiquei perplexo! Respondi com ironia que ele podia ir para África aonde aconteciam guerras tribais, talvez lá ele quisesse levar seus alunos, já que estavam contratando mercenários para matar e um bom mercenário recebia 10 mil dólares por mês.Infelizmente, esta forma de pensar ficou impressa nos seus alunos que se esquivavam de participar nas competições futuras. No dia da competição, o Julio e os seus matadores estavam assistindo, pois nunca tinham participado e nem assistido a uma competição de caratê. Apenas lutavam entre quatro paredes que é completamente diferente de lutar em um ginásio na frente de todo o mundo e, acima de tudo, com pleno respeito ao regulamento esportivo.
Lembro de uma passagem que aconteceu comigo muito mais tarde. Estava eu participando de uma competição por zona em São Paulo, com a participação de Três estados (Paraná , Rio Grande do Sul e S. Paulo). Estava muito nervoso e fui ao banheiro, e na saída encontrei o Prof. Sagara que me perguntou como estava. Respondi que estava nervoso, ele me disse para não me preocupar porque eu era um soldado e quem estava assistindo eram generais ou futuros generais, mas que nunca seriam soldados (grande filosófo o Sagara sensei).
Mas, vamos voltar ao 1° campeonato paranaense de caratê: eu fui campeão absoluto dos adultos, havia um atleta juvenil que se tornaria um dos melhores atletas do Paraná, chamado Adão Antonio Pedroso e que foi campeão absoluto dos juvenis. Ao terminar a competição, o professor Tanaka, como representante da CBP, efetuou a premiação e todos foram elogiados por ele. Quando chegou a minha vez, ele disse que eu não precisava de elogios porque o meu espírito era quase japonês, ( quase?!).
Em 1973 o presidente da Federação de Pugilismo do Paraná abandonou o cargo por não ter sido eleito vereador. A presidência lhe servia apenas como escada política e como não conseguiu o cargo de vereador abandonou a Federação. Os colegas da capoeira e do boxe, que eram os únicos filiados além do caratê, me pediram que assumisse o cargo e por este motivo me tornei presidente da entidade, cargo que nunca ambicionei. Tentei ajudar tanto a capoeira como o boxe, que eram compostos de atletas simples e abnegados. Pude ajudar um moço chamado Sergipe, capoerista muito hábil a participar do 1° campeonato brasileiro em São Paulo, com os seus alunos, onde conquistou a medalha de prata. Ao retornar, me ofertou a mesma como forma de agradecimento. Hoje o mestre Sergipe é um mestre muito renomado no Paraná.
No boxe as coisas eram mais complicadas, mas consegui verba para enviar dois atletas em um campeonato em Brasília. Os dois atletas se chamavam Maffei e Miranda. Consegui verba para comprar um ringue de boxe, que enviei para a cidade de Londrina, onde um moço chamado Miguel de Oliveira estava fazendo um bom trabalho para o boxe. Este Miguel de Oliveira não é o grande campeão brasileiro, mas um homônimo dele, que se aproveitava desta situação homônima.
Enquanto isso me dedique em fundar a Federação Paranaense de Karatê devido ao abandono do Nereu não conseguimos realizar o 2º. Campeonato Estadual oficial naquele ano. As documentações para fundar a nossa federação eram complicadas, os representantes de outros estilos não ajudavam e pelo contrário procuravam atrapalhar, e mesmo entre os colegas de shotokan havia uma inveja escondida e no fundo eles não me apoiavam. Eu entendia, pensava que se um brasileiro fosse para a Itália, talvez os italianos fizessem o mesmo, mas isso nunca me abalou.
Em 1974 conseguimos realizar o 2º. Campeonato Estadual em Londrina com o apoio da associação do Professor Norio Haritani. Mesmo com todas as complicações que eu tinha como presidente, participei como atleta. O professor Sagara e o Higashino vieram acompanhados por outros professores para arbitrar. As disputas foram duras, mas conseguimos nos classificar em 3º. lugar na equipe e eu consegui ficar em 1º. lugar no absoluto. Em 2º. Lugar ficou o Adão que já era adulto e não treinava mais comigo, mas com Julio Harai, o qual, depois de ter sido por mim acolhido, tinha aberto o seu Dojô e se tornado meu concorrente. Mas o Adão era um garoto que eu gostava muito e achava que tinha um potencial muito grande. Quando terminou a competição na qual nós dois nos enfrentamos na final, e eu fui vencedor, fui procurá-lo e lhe disse que ele era melhor do que eu, mas que não tinha a minha motivação e por causa disto ele perdeu. Nesta competição, lutei um total de nove vezes entre a equipe e o individual, ganhando todas. No final estava massacrado e arrasado fisicamente, mas feliz.
Em junho de 1975 realizamos o 3º. Campeonato Estadual, desta vez em Curitiba, e atletas dos estilos wado-ryu e shotokan participaram. Os da goju-ryu não participaram e estavam ainda com a mentalidade da herança do Julio Tommasi. Ele tinha falecido tendo sido provavelmente envenenado, ainda que sua morte nunca tenha sido esclarecida.
Os árbitros naturalmente eram todos japoneses vindos de São Paulo, e a competição foi muito boa e acirrada. Na equipe, eu e os meus alunos conseguimos ficar em 3º. lugar novamente. Eu participei também do individual absoluto. Lembro que um amigo me disse que era melhor não participar porque eu já tinha uma certa fama e o resultado negativo podia me prejudicar. Respondi-lhe que, já que a competição se realizava em Curitiba era muito importante que eu participasse e se eu perdesse, paciência, mas se eu ganhasse seria muito bom para mim e para o Dojô, pois estaria me apresentando na frente de toda a comunidade carateca de Curitiba. A parada foi dura na final do individual absoluto, quando me encontrei novamente com aquele gigante (1,90) do Adão. A luta foi muito difícil, o Adão conseguiu um wazari logo no começo com um kizamizuki no meu nariz que abriu, fiquei furioso, e tive que superar a desvantagem. Consegui o empate com guiakuzuki e, quase no fim do tempo completei com outro que deu o ippon, dando por encerrado o combate que era shobu ippon. Com este resultado, era a terceira vez que eu era campeão Absoluto nos anos de 72, 74 e 75. No ano de 73 não houve campeonato devido ao abandono do presidente da época.
Nas competições em que participei em São Paulo tive bons resultados, além de que, nos campeonatos regionais brasileiros, registro aqui, nunca tive lutas fáceis, todas eram difíceis. Sempre lutei a primeira luta como se fosse a última. Lutei até a idade de 54 anos no torneio dos campeões em São Paulo, obtendo um resultado muito bom e documentado.
Em outubro do mesmo ano participei do exame para faixa preta em São Paulo pela N.K.K. Participaram 14 candidatos, sendo 13 paulistas; foram promovidos dois, eu e um dos paulistas. Desde os primeiros treinos com o Celso Charuri, tinham se passados 10 anos para alcançar a faixa preta 1º. dan .
Em minha opinião, as pessoas que contribuíram para o crescimento do caratê federativo do Paraná foram àquelas que participaram como atletas, dando não apenas a cara, mas o coração nas competições oficiais. Alguns destes atletas hoje são ótimos professores e continuam contribuindo com suas experiências, participando continuamente dentro do caratê oficial. Ainda bem que, também temos caratecas que não foram atletas no passado, mas treinaram muito caratê e ainda treinam, dando uma contribuição enorme, apoiando a iniciativa da entidade oficial.
Infelizmente, também temos aqueles caratecas que sempre ficaram a margem do caratê oficial, e foram aliciados por representantes (?) de estilos, em troca de um Dan. A maioria deles se tornaram mestres prematuramente e, por serem considerados mestres pelos seus discípulos, pararam de se aprimorar. Eles têm conhecimento teórico; uma cultura teórica significante e fazem questão de demonstrar o seu conhecimento, mas como disse o fundador do caratê, Mestre Funakoshi, o caratê não se aprende pelos olhos, mas pelo corpo. Tais pessoas, quando tem provas ou treinamentos evitam em colocar o kimono e a desculpa é sempre a mesma: estão machucados. Concordo que a leitura de muitos livros aumenta o conhecimento e quem sabe até a sabedoria sobre determinados assuntos deve melhorar, mas, no caso do caratê, como qualquer outra atividade física, se não houver treino com intensidade, o saber teórico não se transfere para o corpo. Alguns destes caratecas vieram de outro estado e já graduados, ou iam para outros estados e retornavam, abrindo academias pelo estado do Paraná, trazendo pouco de bom, mas muita discórdia, uma herança que infelizmente perdura até hoje.
Retornando ao assunto da fundação do caratê como Federação, esforcei-me para conseguir emancipar o caratê e torná-lo uma federação. Tínhamos já cinco associações filiadas à federação de pugilismo, e o mínimo era três. Entrei em contato com a Confederação de Pugilismo, que me enviou uma correspondência com o roteiro necessário para fundar a nossa federação, um conjunto enorme de documentos, entre os quais: estatuto, ata, lista de presença, estatuto dos clubes fundadores com a diretoria, documentos de identidades de todos os diretores da federação e dos clubes fundadores. Isto, em dez cópias para a C.B.P. O presidente era Armando Vasconcelos e o vice- presidente Fauzi Abdala João. Somente muitos anos mais tarde, entendi o porquê de toda a documentação. O Fauzi era fundador de muitas federações do Nordeste, e não gostava que alguém fundasse uma federação sem a sua ajuda, pois assim não ficaria sob o seu domínio.
Em 1976, fui ao Rio de Janeiro participar do campeonato brasileiro no Tijuca Tênis Clube com a seleção paranaense, como atleta, capitão e presidente. Foi quando levei toda a documentação embaixo do braço e entreguei ao diretor técnico da C.B.P., um moço que era chamado de Marujo, disse-me que a encaminharia a diretoria para estudo. Seis meses depois, não recebendo nenhuma noticia, consegui telefonicamente entrar em contato com alguém da C.B.P., quando expliquei o meu pedido, perguntaram-me com quem eu tinha deixado os documentos, e eu disse que com o diretor técnico Professor Marujo. Responderam-me, então, que o Marujo tinha morrido afogado havia três meses e que ninguém sabia onde estavam estes documentos.
Em outubro de 1979, participamos em São Paulo do campeonato brasileiro, desta vez, eu como técnico, não mais como atleta, pois estava contundido. O resultado dessa competição realizada no Ginásio do Ibirapuera, foi excelente e os atletas paranaenses se superaram, ficando em terceiro lugar na equipe, sendo em primeiro o Rio de Janeiro e em segundo São Paulo. Eliminamos, para tristeza do Fauzi que era baiano, a Bahia uma das favoritas. Fato esse que eu não sabia, pois achava que ele fosse carioca.
Vale lembrar que o meu treinamento e dos meus alunos eram de madrugada, pois todos trabalhavam e não tinham outro horário para poder treinar. Os treinos começavam às 04:00 horas da manhã e iam até as 07:00 horas, tudo isso na minha academia. Começávamos subindo as escadas do prédio que tem 20 andares e depois corríamos na rua em uma praça próxima, retornávamos para a academia quando a boate “Chão de Estrelas”, que funcionava na época nesta praça, fechava e todos os clientes e as mariposas saiam nos chamando de loucos, querendo chamar a policia por ver pessoas fazendo ginástica e simulando luta como treinamento. Ás 5:30 hs retornávamos para o Dojô, para o treinamento de kumite esportivo, conforme os regulamentos e depois tomávamos banho e íamos trabalhar ou estudar.
Já fazia alguns anos que em Apucarana um moço vindo de São Paulo de nome Sanheire Oshiro, tinha aberto uma academia. Dizia-se aluno do Sagara sensei, sendo que na verdade, segundo o Sagara sensei, tinha treinado com ele apenas até faixa verde. Seu apelido era Passarinho porque bicava como um passarinho em todos os lugares que ia e tinha conseguido a faixa preta com o Shinzato sensei. Nesta região ele distribuiu faixas pretas para muitos praticantes dizendo-se do estilo Shotokan, fazendo um estrago considerável naquele tempo e que até hoje perdura com os alunos que ele promoveu.
Deixei a presidência da Federação Paranaense de Pugilismo com um grupo de pugilistas de Londrina, que me prometeram ajuda para fundar a Federação Paranaense de Karatê. Foi tudo mentira e em 1982 fomos proibidos de participar por não termos a autorização do presidente do pugilismo do Paraná e o mesmo Fauzi, que era o Vice da CBK, disse-me com autoridade, que sem isso não poderíamos participar.
Com isso, voltei a trabalhar para conseguir a emancipação do caratê como Federação e enquanto isso os campeonatos paranaenses continuavam normalmente com a presença de estilos diversos.
Em 1984, conseguimos fundar a nossa federação. Ela foi reconhecida pelo C.N.D.- Portaria n. 42/1984, como modalidade reconhecida e vinculada ao C.O.B., através da Confederação Brasileira de Pugilismo.
Em 1986, realizamos em Curitiba a final do campeonato brasileiro por equipe e um torneio nacional dividido em três pesos com regulamento WUKO, em homenagem ao professor Denilson Caribé, que tinha falecido em um acidente de carro no ano anterior. Foi um bom campeonato e nele lancei a semente de competição para crianças que chamei de Tira Fita, a qual foi bem aceita por alguns e criticado por outros, que achavam que o caratê não servia para isso, e deveria ser praticado somente de forma marcial. Infelizmente, ainda existem pessoas com pensamento anacrônico e que vivem em um passado muito remoto.
Em 1987, contribuímos com a fundação da Confederação Brasileira de Karatê. Fiz parte da diretoria fundadora dando o meu nome como tesoureiro (sem finanças). A primeira diretoria eleita teve como primeiro presidente o senhor Marcelo Arantes.
Em 1992, na segunda diretoria, fui convidado para fazer parte da chapa concorrente com Edgar/Fauzi, como diretor técnico, a contragosto do Fauzi que queria um da Bahia. Aceitei com a insistência de amigos, como Vezulli, Fialdini e Takashi Shimo, mas o futuro me demonstraria que não tinha feito uma boa escolha. Em uma eleição conturbada e cheia de arranjos e truques, realizada em Belo Horizonte elegeram-se Edgar/Fauzi, contra a chapa de Teruo Furucho/L.C.C. do Nascimento. Mas isto, já é historia recente, cada estado do Brasil deve ter tido as suas dificuldades para o desenvolvimento esportivo do caratê.
Como disse no início deste meu relato, a legislação esportiva contribuiu negativamente dando condições favoráveis a indivíduos de mau caráter em se aproveitar das falhas das Leis esportivas em benefícios próprios e não do esporte. Uma comparação talvez um pouco absurda é a seguinte: vamos supor que eu seja candidato a presidência da República, mas não consegui ser eleito democraticamente, então invento um novo Brasil para ser o presidente. Com a Legislação atual é o que esta acontecendo com as Federações e Confederações.
Eu entendo o esporte como algo muito, mas muito sério, pois a matéria prima a ser trabalhada é o ser humano. O esporte em geral e o caratê em particular, contribui com a Educação Global do individuo, jovem ou idoso,
Quatro são as máximas que deveriam nortear os professores e dirigentes esportivos: DEFESA (saúde), ESPORTE (socialização), ARTE (sublimação), FILOSOFIA ( pensamento).
No Paraná, os pioneiros do caratê são inicialmente os que participaram do 1º. Campeonato Paranaense de Karatê em 02 de setembro de 1972, em Curitiba:
Associação Kodokan Força e Persistência – Aldo Lubes.
Associação Londrinense de Karatê – Norio Haritani.
Associação Maringaense de Karatê – Aldenor Castro.
Citar os nomes das pessoas que contribuíram de fato com o caratê do Paraná é tarefa difícil, pois são tantos e muitos ainda estão contribuindo, praticando, ensinando e apoiando a Federação.